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COVID-19, AR CONDICIONADO e RECIRCULAÇÃO

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Analisemos alguns aspetos como o da recirculação do ar em sistemas de climatização.

Recentemente (2020.07.06) aparecem notícias como: “COVID-19, Direção-Geral da Saúde confirma que aparelhos de ar condicionado não propagam o vírus”. Mais uma vez a informação é “assim-assim”, parcialmente verdade sem se falar no todo. É, por isso, necessário falar e entender um pouco mais sobre os sistemas de ar condicionado e ventilação.

Introdução

Nenhum sistema de ar condicionado é responsável pelo COVID-19, mas poderá “transportar” vírus de um local para os outros, e facilitar assim a sua transmissão. Infelizmente os filtros dos sistemas de ar condicionado convencionais não têm capacidade de reter, pela pequeníssima dimensão do vírus, o SARS-CoV-2.

As atuais orientações das autoridades centram-se na lavagem das mãos, na manutenção do distanciamento social e nas precauções contra as gotículas transportadas a curta distância (até 2 m). Ainda não é reconhecido o risco de transmissão aérea de forma generalizada e disseminada pelos espaços fechados, exceto os procedimentos geradores de aerossóis realizados em contextos de cuidados de saúde.

Lavagem frequente das mãos e distanciamento social são importantes, mas insuficientes para garantir a proteção contra vírus libertadas no ar por pessoas infetadas. Há que contar com a transmissão aérea.

Arejar e renovar o ar que respiramos

Falar de ventilação no caso do SARS-CoV-2 é falar de renovação do ar (trocar ar usado por ar novo), de forma a reduzir a carga de contaminantes no ar. O objetivo é fazer a diluição dos contaminantes, reduzindo fortemente a sua concentração.

Todos estamos de acordo que uma ventilação natural ou mecânica dos espaços contribui para a redução da carga viral no caso de uma contaminação. Por isso é conveniente arejar bem, ou renovar o ar do espaço com ar novo, através de um sistema de climatização que o permita.

Pensemos que os antigos falavam em arejar a casa – abrir janelas e portas para poder trocar o ar das habitações, com poluentes, por ar exterior. Hoje os edifícios fecham-se e a solução será ventilar. Mas será assim?

Um sistema de ar condicionado renova o ar?

Um sistema de ar condicionado pode ou não renovar o ar. No entanto, para um sistema de ar condicionado renovar o ar tem de ter associado um sistema de ventilação, com admissão de ar novo e extração/exaustão do ar viciado. Por si só, nenhum equipamento comum de ar condicionado renova o ar sem que lhe seja associado um sistema de ventilação para esse efeito.

Se o sistema de ar condicionado for composto por um equipamento individual que serve uma zona definida, o risco pode efetivamente ser baixo. Se, pelo contrário, estivermos a falar de um sistema de ar condicionado centralizado, em que uma máquina central serve várias zonas, com uma grande quantidade de ar em recirculação (90% dos casos em Portugal), o risco é muito elevado. Como disse anteriormente, o mesmo ar é movimentado em grandes quantidades dentro do espaço e pode “transportar” um vírus.

Transmissão aérea – lidar com a (des)informação

Como já vimos, há diferentes sistemas de ar condicionado. Por isso o tipo de informação que se dá sobre esta matéria não deverá ser generalizada. É perigoso!

Ainda ontem o jornal “Publico” escreveu um artigo (ver aqui) que aborda a transmissão aérea do vírus. O Eng. Manuel Gameiro (vice-presidente da REHVA) já explicou, muito bem, as formas de transmissão do vírus (ver aqui).

É preocupante, por isso, a falta de reconhecimento por parte das Autoridades de Saúde do risco associado à transmissão aérea do SARS-CoV-2 e a falta de recomendações claras sobre as medidas de controlo do vírus transportado pelo ar.

Lembremo-nos nas consequências de pessoas poderem pensar que estão totalmente protegidas, respeitando as “Recomendações das autoridades de saúde”, quando na verdade permanecem muito expostas a uma importante e desconhecida via de transmissão da infeção.

Nós acrescentaríamos: “Para mitigar o risco de transmissão aérea é muito importante promover a ventilação dos espaços (fornecer ar novo limpo e evitar a recirculação do ar), especialmente em locais com presença significativa de pessoas. Nos sistemas com ar condicionado e ventilação, devem, simultaneamente, ser reforçados os sistemas de filtragem de ar, recorrendo a filtros de alta eficiência (HEPA e ULPA), filtros eletrostáticos e luz ultravioleta UV-C.”

Uso ou não de máscara de proteção

Em primeiro lugar é necessário salientar a importância do uso de máscara no interior de espaços fechados, pois este procedimento é que vai minimizar (ou até mesmo evitar) que o vírus seja lançado no ambiente. Mas há espaços que pela sua tipologia, como os restaurantes, que tal é impossível, e nestes os cuidados terão de ser acrescidos.

Verifica-se no dia a dia que há muitos locais públicos que estão mal protegidos. As máscaras de proteção devem ser de uso obrigatório e não devem ser substituídas por viseiras.

Uma viseira complementa a proteção da máscara, mas não a substituiu, até porque, como vimos, há fortes suspeitas da transmissão aérea do vírus SARS-CoV-2.

Cuidado com a Recirculação

Todo o sistema de ar condicionado e ventilação que extrai o ar de um espaço ocupado e o volte a distribuir noutros espaços (recirculação) está a potenciar o transporte de eventuais contaminantes de um lugar para os outros. Não devem, por isso, serem utilizadas recirculações, num contexto de SARS-CoV-2 em locais fechados, exceto, por exemplo em casos em que todos os ocupantes usem máscaras de proteção adequadas ao permanecer nas zonas servidas pelo sistema. Ora sabemos que nem sempre é possível.

A recirculação não dilui os contaminantes e uma possível a carga viral. Pode espalhá-los!

Adaptar os sistemas existentes?

Quando as temperaturas apertarem e se tornar inevitável ligar os sistemas de ar condicionado, é possível instalar sistemas de filtragem/tratamento do ar, para intercalar nas condutas de retorno. A utilização de módulos de filtragem combinados de filtros eletrostáticos com luz ultravioleta UC-C, pode contribuir para reduzir significativamente o risco de contágio.

Esta será para nós a solução, quando se tem de utilizar os sistemas de ar condicionado, que tenham grande quantidade de recirculação: Intercalar na conduta de retorno um módulo eletrostático combinado com luz UV-C.

Estes sistemas são compostos por uma combinação de filtração eletrostática com luz ultravioleta UV-C. Revelam-se capazes de uma filtração altamente eficiente, uma vez que ambas as técnicas são complementares no processo de filtração e desinfeção do ar:

1.    Filtração eletrostática: Remove partículas do fluxo de ar sem aumentar a perda de carga da instalação. Com este filtro é possível manter as luzes UV-C limpas de partículas e com uma elevada eficácia da sua capacidade germicida. Além disso, ajuda na higiene do ar.

2.    Luz ultravioleta UV-C: O filtro da lâmpada UV-C produz um campo luminoso UV-C com uma intensidade elevada, proporcionando agentes patogénicos na sua passagem com uma alta dose de germicida, que, embora não mate o agente patogénico num único passo, deixa-o muito danificado, diminuindo a sua capacidade reprodutiva.  

Embora não existam ensaios para o SARS-CoV-2, acreditamos que o resultado possa ser bom. Já existem no mercado uma gama de módulos eletrostáticos com luz ultravioleta UV-C para serem intercalados nas condutas de recirculação (ver aqui).

Nota final

Estamos numa fase difícil em que acima de qualquer interesse, tem de haver rigor e verdade na informação.

Como nota final, lamento a falta de precisão na informação das entidades oficiais e sectoriais. Não se pode viver sistematicamente com informações pouco sólidas, e sistematicamente ambíguas e contraditórias. Podem criar falsas seguranças que nos fazem cometer erros.

Sabemos que não há experiência suficiente sobre o SARS-CoV-2, mas há ciência que baste para que se pudessem evitar opiniões ambíguas, disparatadas e imprudentes.

Um desconfinamento deveria ter sido preparado com outro cuidado: estudar os assuntos com outro rigor, controlar a informação, que só deve ser dada depois de validada, e assumir claramente os compromissos entre a necessidade de pôr a economia a funcionar e a forma de o fazer com segurança.

Infelizmente nada disso está a acontecer. Mas ainda vamos a tempo de fazer as coisas de outra forma – o SARS-CoV-2 ainda está para durar e depende de nós o êxito no seu controlo.

Mário Fernandes de Carvalho / CLIMA PORTUGAL / 2020.07.07

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