O perigo é uma tecnologia virar moda! Quando se fala em geradores de ozono, continuo a pensar que este tipo de equipamento faz todo o sentido. Ando a pensar nisto há vários anos.
A gama de equipamentos que dispomos há anos foi desenvolvido para aplicações especificas, usados em aplicações estudadas, com a instalação profissional e com comissionamento.
Projetar e controlar
O Ozono resolve muitas coisas. Mas, também apresenta muitos perigos na sua utilização, para pessoas, animais e plantas, mas também para muitos materiais, que poderão ser danificados.
Quando se pensa na sua utilização, deve-se começar pelo Projeto. O mais importante é conhecer os requisitos, estudar e apresentar a solução. Afinal é no Projeto que tudo começa.
Deve-se ter em atenção a escolha dos profissionais. A instalação deve ser feita por profissionais experientes.
Não esquecer o comissionamento. O comissionamento deve acompanhar todas as fases do projeto. Deve incluir verificação de todos os sistemas de segurança e a medição das concentrações de Ozono, em todos os pontos sensíveis.
Desinfetar. Eliminar o SARS-CoV-2?
Com a pandemia, o estado de emergência e o pânico, tornou-se “epidémico” falar do Ozono para a desinfeção dos espaços e o controlo da propagação do corona vírus. Mas será assim tão fácil?
Vejamos:
- Qual a eficácia do Ozono na eliminação do vírus? Afirmar simplesmente que o Ozono elimina vírus e bactérias é muito perigoso.
- A ser possível, só com concentrações muito elevadas de Ozono, o que representa um perigo para pessoas, animais e materiais.
- A ser usado em ambientes fechados e ocupados, é obrigatório controlar o Ozono se está a produzir, quais as concentrações nos espaços e o perigo que isso pode representar.
- Não há ensaios que comprovem a eficácia contra os vírus, particularmente o SARS-CoV-2, o que é um problema.
Perigos a considerar
Tratar o ar com Ozono em espaços interiores, é uma tecnologia muito delicada, perigosa e que só deverá ser feita por profissionais devidamente supervisionados.
Tornar a tecnologia Ozono em vendas a retalho, com o argumento que resolve tudo, mesmo na eliminação do Corona Vírus – é uma posição muito perigosa, que não partilhamos.
Não é admissível produzir Ozono em espaços ocupados (o local é contaminado com Ozono, com todos os riscos que isso implica).
A produção de Ozono, em espaços interiores, só deve ser feita em locais não ocupados e não acessíveis na fase de desinfeção.
A desinfeção, deverá ser exclusivamente planeada e efetuada por profissionais experientes.
Depois disso, deve-se garantir a descontaminação total do local, antes de qualquer ocupação humana (o Ozono é altamente reativo e pode ser venenoso).
Pelo que se sabe, a eliminação de vírus e bactérias pelo Ozono só poderá ser eficaz com uma concentração muito elevada de Ozono, por um período muito grande. No entanto, até agora, não há estudos e conclusões credíveis sobre a metodologia que o garanta.
A reação do mercado
Todos os dias somos consultados por Clínicas, Hospitais, oficinas de automóveis, etc., para a aquisição de geradores de ozono para desinfectar locais. Continuamos a defender que esta é uma tecnologia que não é “comprar e usar”. Os riscos associados são demasiado elevados.
Há cada vez mais fornecedores a vender este tipo de equipamentos “anti-corona virús”, usando os chavões de “isto e aquilo”.
Há no mercado dois tipos de oferta: uma oferta comercial, típica da venda a retalho, que vende o que querem comprar sem saber bem o que se está a vender; outra, a oferta profissional, que em vez de vender um equipamento vende uma solução.
Há um problema quando se fala da oferta comercial: promove-se com grande ênfase as vantagens do sistema, ignorando os perigos e os alertas dos fabricantes. Geralmente os manuais de instruções alertam insistentemente, e bem claro, para os perigos da utilização do equipamento. No entanto, isso é ignorado.
Conclusão
O perigo é uma tecnologia virar moda! Explora-se uma necessidade e apresentam-se soluções para um problema que ninguém estudou. Ignoram-se os perigos associados ao que se faz. O objetivo é a venda fácil.
Como conclusão, esta é uma tecnologia que devia ser reservada a profissionais, de forma a poderem ser controlados os resultados e os riscos associados. Uma tecnologia que devia ter regras de comercialização. Uma tecnologia que devia obrigar à certificação de cada instalação.
Como informação, a United States Environmental Protection Agency (EPA) conclui que é cada vez mais difícil determinar a concentração real de O3 produzida por um gerador de Ozono. Há muitos fatores diferentes a considerar.
As concentrações serão maiores se forem utilizados dispositivos mais potentes em espaços menores.
Segundo esta Agência, há efeitos importantes, devido à utilização do O3, resumidos na Tabela 1.
Tabela 1. OZONO – Efeitos e normas para a saúde
Efeitos na saúde | Fatores de risco | Padrões de Saúde * |
Risco potencial de experimentar: | Os fatores que devem aumentar o risco e a gravidade dos efeitos na saúde são: | A Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) exige que a saída de Ozono de dispositivos médicos internos não seja superior a 0,05 ppm. |
Diminui a função pulmonar | Aumento da concentração de ar no Ozono | A Administração de Segurança e Saúde Ocupacional (OSHA) exige que os trabalhadores não sejam expostos a uma concentração média de mais de 0,10 ppm por 8 horas. |
Agravamento da asma | Maior duração de exposição a alguns efeitos na saúde | O Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional (NIOSH) recomenda um limite superior de 0,10 ppm, que não deve ser excedido a qualquer momento. |
Irritação na garganta e tosse | Atividades que aumentam a taxa de respiração (por exemplo, exercício) | O Padrão Nacional de Qualidade do Ar Ambiente da EPA para Ozono é uma concentração média externa média máxima de 8 horas de 0,08 ppm |
Dor no peito e falta de ar | Certas doenças pulmonares pré-existentes (por exemplo, asma) | See – the Clean Air Act |
Inflamação do tecido pulmonar | ||
Maior suscetibilidade à infeção respiratória |
Mário Fernandes de Carvalho, CLIMA PORTUGAL 04.2020